sábado, 28 de outubro de 2017

Herança do sexo

Na espécie humana, as células somáticas contem 46 cromossomos ou 23 pares de homólogos. Destes, 23 são de origem paterna e 23, de origem materna. No entanto, a determinação do sexo do indivíduo resulta da interação de determinados genes situados num único par de homólogos. Esse par é formado pelos chamados cromossomos sexuais, conhecidos também como heterossomos ou alossomos.
Os demais cromossomos constituem os autossomos, que não tem implicação com o sexo.

Cromossomos sexuais femininos e masculinos
Os dois cromossomos sexuais presente nas mulheres são os cromossomos X. Nos homens, existem somente 1 cromossomo X e o outro, de forma recurvada é o cromossomo Y. sendo assim:

Homens: 44 autossomos + 2 sexuais
44A + XY
Mulheres: 44 autossomos+2 sexuais
44A + XX

Sexo femininos: homogamético
Pelo que sabemos sobre a distribuição cromossômica, durante o processo de formação dos gametas uma mulher produz apenas um tipo de gameta; por isso o sexo feminino é chamado de homogamético. (A ovulogênese, produzira um gameta com 22A + X, que vai dar origem a um óvulo).
Sexo masculino: heterogamético
Um homem, por sua vez, produz dois tipos básicos de gametas, sendo, por isso, considerado heterogamético. (A espermatogênese produzirá 2 gametas, um com 22A + X, e outro com 22A + Y).

Herança ligada ao sexo

A herança é considerada ligada ao sexo quando os genes envolvidos situam-se no cromossomo X, em sua porção não-homóloga, isto é, sem correspondência no cromossomo Y.
O fato de a mulher apresentar dois cromossomos X permite concluir que ela é dotada, sempre, de genes ligados ao sexo em dose dupla, formando pares de genes alelos. Já o homem, pode apresentar apenas um cromossomo X, tem esses genes sempre em dose simples.
Duas anomalias cuja herança está ligada ao sexo: daltonismo e hemofilia

Daltonismo


O termo daltonismo origina-se do sobrenome do naturalista inglês John Dalton (1766-1844), que apresentava essa anomalia. No caso mais frequente de daltonismo, a pessoa não distingue as cores verde e vermelha. Em alguns casos, a pessoa não consegue distinguir o azul e o amarelo.
O daltonismo é determinado por um gene recessivo ligado ao sexo, simbolizado por XD. Assim, podemos considerar a seguinte relação entre os fenótipos e genótipos para o daltonismo:

Para ser daltônico, o homem precisa receber apenas um gene Xd da mãe. A mulher no entanto para ser daltônica necessita do gene Xd em dose dupla. Sendo assim, a maior frequência de daltonismo é nos homens, sendo menos provável o daltonismo nas mulheres. 

Hemofilia


A hemofilia caracteriza-se por uma insuficiente produção de tromboplastina, enzima fundamental para o mecanismo de coagulação sanguínea. Essa anomalia é também condicionada por um gene recessivo (Xh) ligado ao sexo. Assim, chamando XH o gene dominante que condiciona a normalidade, podendo concluir os seguintes fenótipos e genótipo:

A doença, que atinge praticamente apenas os homens, manifesta-se logo cedo na criança, por volta de um ano e meio, e aparece em forma de hemorragia. Daí o cuidado em evitar que a criança se corte ou se machuque. 
Dados: existe cerca de um homem hemofílico em cerca de 10000. Nas mulheres, a ocorrência da anomalia é praticamente desprezível em termos percentuais.

Herança restrita ao sexo

A herança é considerada restrita ao sexo quando os genes envolvidos situam-se no cromossomo Y, na porção não-homóloga ao cromossomo X. A expressão restrita ao sexo deve-se ao fato do caráter manifestar-se apenas nos homens, uma vez que as mulheres não possuem cromossomo Y. Um exemplo desse tipo de herança é a hipertricose, que se caracteriza pela presença de pêlos grossos e longos nas orelhas masculinas.
Denominam-se genes holândricos aqueles situados na porção não-homóloga do cromossomo Y, sem correspondencia no cromossomo X.

Herança influenciada pelo sexo

A herança é influenciada pelo sexo quando os genes que determinam um certo caráter expressam-se melhor de acordo com o sexo do individuo. O gene C, que determina a calvície na espécie humana, atua melhor (torna-se mais “potente”) quando em presença de hormônios masculinos. Assim, um homem CC ou Cc será calvo; enquanto uma mulher Cc terá cabelos normais, pois em indivíduos do sexo feminino, apenas uma “dose” do gene C não é suficiente para desencadear a calvície. Em mulheres, portanto, a calvície só se manifesta quando o genótipo é CC.
Observe a tabela abaixo:
SEXO
GENÓTIPO
FENÓTIPO
MASCULINO
CC ou Cc
CALVO
MASCULINO
Cc
NORMAL
FEMININO
CC
CALVA
FEMININO
Cc ou cc
NORMAL

Alguns casos de anomalias humanas

Síndrome de Turner

Os indivíduos portadores dessa síndrome não têm um dos cromossomos X, apresentando um cariótipo igual a 44A + XO.
Exibem, entre outras características, fenótipo feminino, ovários atrofiados e estatura baixa.

Síndrome de Klinefelter

Neste caso, os indivíduos possuem um cromossomo X extra. Manifesta-se apenas no homem, cujo cariótipo será 44A + XXY.
O indivíduo apresenta um fenótipo masculino, testículos atrofiados, deficiência mental e pequenos seios, entre outras características.

Síndrome de Down

Os indivíduos afetados apresentam um autossomo extra. Essa anomalia pode ocorrer tanto nos homens como nas mulheres, cujos cariótipos serão, 45A+ XY e 45A+ XX.
Os portadores da síndrome de Down apresentam, entre outras características, deficiência mental, tendência a leucemia e mãos curtas e largas.
Trata-se de uma das anomalias mais frequentes. É também conhecida como trissomia no cromossomo 21, isto é, em vez de dois cromossomos, o par 21 de cromossomos autossômicos apresenta três cromossomos.


Aneuploidias: o cariótipo alterado

Fenômenos em que ocorre uma variação numérica de um ou mais cromossomos no cariótipo do indivíduo são chamados de aneuploidias. Resultam de uma não-separação de certos pares de genes homólogos durante a formação de gametas.
Na perda de um cromossomo, a aneuploidia é do tipo monossômica (2n – 1), como ocorre na síndrome de Turner.

No acréscimo de um cromossomo tem-se a trissomia (2n+ 1), como ocorre nas síndromes de Klinefelter e de Down.

COMO É DOAR SANGUE? | Prof. Paulo Jubilut





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O QUE SÃO OS TIPOS SANGUÍNEOS? | Sistema ABO | Prof. Paulo Jubilut





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domingo, 8 de outubro de 2017

O fator RH de grupos sanguíneos

Um terceiro sistema de grupos sanguíneos foi descoberto a partir dos experimentos desenvolvidos por Landsteiner e Wiener, em 1940, com sangue de macaco do gênero Rhesus. Esses pesquisadores verificaram que ao se injetar o sangue desse macaco em cobaias, havia produção de anticorpos para combater as hemácias introduzidas.
Ao centrifugar o sangue das cobaias obteve-se o soro que continha anticorpos anti-Rh e que poderia aglutinar as hemácias do macaco Rhesus. As conclusões daí obtidas levariam a descoberta de um antígeno de membrana que foi denominado Rh (Rhesus), que existia nesta espécie e não em outras como as de cobaia e, portanto, estimulavam a produção anticorpos, denominados anti-Rh.
Há neste momento uma inferência evolutiva: se as proteínas que existem nas hemácias de vários animais podem se assemelhar isto pode ser um indício de evolução. Na espécie humana, por exemplo, temos vários tipos de sistemas sanguíneos e que podem ser observados em outras espécies principalmente de macacos superiores.
Analisando o sangue de muitos indivíduos da espécie humana, Landsteiner verificou que, ao misturar gotas de sangue dos indivíduos com o soro contendo anti-Rh, cerca de 85% dos indivíduos apresentavam aglutinação (e pertenciam a raça branca) e 15% não apresentavam. Definiu-se, assim, "o grupo sanguíneo Rh +” (apresentavam o antígeno Rh), e "o grupo Rh -(não apresentavam o antígeno Rh).
No plasma não ocorre naturalmente o anticorpo anti-Rh, de modo semelhante ao que acontece no sistema Mn. O anticorpo, no entanto, pode ser formado se uma pessoa do grupo Rh -, recebe sangue de uma pessoa do grupo Rh +. Esses problemas nas transfusões de sangue não são tão graves, a não ser que as transfusões ocorram repetidas vezes, como também é o caso do sistema MN.

A Herança do Sistema Rh
Três pares de genes estão envolvidos na herança do fator Rh, tratando-se portanto, de casos de alelos múltiplos.

Fenótipos
Genótipos
Rh+
RR ou Rr
Rh-
rr

Para simplificar, no entanto, considera-se o envolvimento de apenas um desses pares na produção do fator Rh, motivo pelo qual passa a ser considerado um caso de herança mendeliana simples. O gene R, dominante, determina a presença do fator Rh, enquanto o gene r, recessivo, condiciona a ausência do referido fator.

Doença hemolítica do recém-nascido ou eritroblastose fetal
Uma doença provocada pelo fator Rh é a eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido, caracterizada pela destruição das hemácias do feto ou do recém-nascido. As consequências desta doença são graves, podendo levar a criança à morte.
Durante a gestação ocorre passagem, através da placenta, apenas de plasma da mãe para o filho e vice-versa devido à chamada barreira hemato-placentária. Pode ocorrer, entretanto, acidentes vasculares na placenta, o que permite a passagem de hemácias do feto para a circulação materna. Nos casos em que o feto possui sangue fator rh positivo os antígenos existentes em suas hemácias estimularão o sistema imune materno a produzir anticorpos anti-Rh que ficarão no plasma materno e podem, por serem da classe IgG, passar pela BHP provocando lise nas hemácias fetais. A produção de anticorpos obedece a uma cascata de eventos (ver imunidade humoral) e por isto a produção de anticorpos é lenta e  a quantidade pequena num primeiro. A partir da segunda gestação, ou após a sensibilização por transfusão sanguínea, se o filho é Rh + novamente, o organismo materno já conterá anticorpos para aquele antígeno e o feto poderá desenvolver a DHPN ou eritroblastose fetal.
O diagnóstico pode ser feito pela tipagem sanguínea da mãe e do pai precocemente e durante a gestação o teste de Coombs que utiliza anti-anticorpo humano pode detectar se está havendo a produção de anticorpos pela mãe e providências podem ser tomadas. Uma transfusão, recebendo sangue Rh -, pode ser feita até mesmo intra-útero já que Goiânia está se tornando referência em fertilização in vitro. O sangue Rh - não possui hemácias com fator Rh e não podem ser reconhecidas como estranhas e destruídas pelos anticorpos recebidos da mãe. Após cerca de 120 dias, as hemácias serão substituídas por outras produzidas pelo próprio indivíduo. O sangue novamente será do tipo Rh +, mas o feto já não correrá mais perigo.
 Após o nascimento da criança toma-se medida profilática injetando, na mãe Rh-, soro contendo anti Rh. A aplicação logo após o parto, destrói as hemácias fetais que possam ter passado pela placenta no nascimento ou antes. Evita-se, assim, a produção de anticorpos “zerando o placar de contagem”. Cada vez que um concepto nascer e for Rh+ deve-se fazer nova aplicação pois novos anticorpos serão formados.

Os sintomas no RN que podem ser observados são anemia (devida à destruição de hemácias pelos anticorpos), icterícia (a destruição de hemácias aumentada levará a produção maior de bilirrubina indireta que não pode ser convertida no fígado), e após sua persistência o aparecimento de uma doença chamada Kernicterus que corresponde ao depósito de bilirrubina nos núcleos da base cerebrais o que gerará retardo no RN.

O sistema MN de grupos sanguíneos

Dois outros antígenos foram encontrados na superfície das hemácias humanas, sendo denominados M e N. Analisando o sangue de diversas pessoas, verificou-se que em algumas existia apenas o antígeno M, em outras somente o N e várias pessoas possuíam os dois antígenos. Foi possível concluir então que existiam três grupos nesse sistema: MN e MN.

Fenótipos
Genótipos
M
LLM
N
LNLN
MN
LM LN

Os genes que condicionam a produção desses antígenos são apenas dois: L M e L N (a letra L é a inicial do descobridor, Landsteiner). Trata-se de um caso de herança mendeliana simples. O genótipo L MM, condiciona a produção do antígeno M, e L NN, a do antígeno N. Entre L M e L N há co-dominância, de modo que pessoas com genótipo L MN produzem os dois tipos de antígenos

Transfusões no Sistema MN
A produção de anticorpos anti-M ou anti-N ocorre somente após sensibilização (você verá isso no sistema RH). Assim, não haverá reação de incompatibilidade se uma pessoa que pertence ao grupo M, por exemplo, receber o sangue tipo N, a não ser que ela esteja sensibilizada por transfusões anteriores.



Grupos Sanguíneos

Sistema ABO de grupos sanguíneos

A herança dos tipos sanguíneos do sistema ABO constitui um exemplo de alelos múltiplos na espécie humana.

A descoberta dos grupos sanguíneos
Por volta de 1900, o médico austríaco Karl Landsteiner (1868 – 1943) verificou que, quando amostras de sangue de determinadas pessoas eram misturadas, as hemácias se juntavam, formando aglomerados semelhantes a coágulos. Landsteiner concluiu que determinadas pessoas têm sangues incompatíveis, e, de fato, as pesquisas posteriores revelaram a existência de diversos tipos sanguíneos, nos diferentes indivíduos da população.
Quando, em uma transfusão, uma pessoa recebe um tipo de sangue incompatível com o seu, as hemácias transferidas vão se aglutinando assim que penetram na circulação, formando aglomerados compactos que podem obstruir os capilares, prejudicando a circulação do sangue.

Aglutinogênios e aglutininas
No sistema ABO existem quatro tipos de sangues: ABAB e O. Esses tipos são caracterizados pela presença ou não de certas substâncias na membrana das hemácias, os aglutinogênios, e pela presença ou ausência de outras substâncias, as aglutininas, no plasma sanguíneo.
Existem dois tipos de aglutinogênio, A e B, e dois tipos de aglutinina, anti-A e anti-B. Pessoas do grupo A possuem aglutinogênio A, nas hemácias e aglutinina anti-B no plasma; as do grupo B têm aglutinogênio B nas hemácias e aglutinina anti-A no plasma; pessoas do grupo AB têm aglutinogênios A e B nas hemácias e nenhuma aglutinina no plasma; e pessoas do gripo O não tem aglutinogênios na hemácias, mas possuem as duas aglutininas, anti-A e anti-B, no plasma.

Veja na tabela abaixo a compatibilidade entre os diversos tipos de sangue:

Tipos Sanguíneos
Aglutinogênios-Antígenos
Aglutininas-anticorpos
AB
A e B
-
A
A
Anti-B
B
B
Anti-A
O
-
Anti-A e Anti-B

Tipos possíveis de transfusão

As aglutinações que caracterizam as incompatibilidades sanguíneas do sistema acontecem quando uma pessoa possuidora de determinada aglutinina recebe sangue com o aglutinogênio correspondente.
Indivíduos do grupo A não podem doar sangue para indivíduos do grupo B, porque as hemácias A, ao entrarem na corrente sanguínea do receptor B, são imediatamente aglutinadas pelo anti-A nele presente. A recíproca é verdadeira: indivíduos do grupo B não podem doar sangue para indivíduos do grupo A. Tampouco indivíduos A, B ou AB podem doar sangue para indivíduos O, uma vez que estes têm aglutininas anti-A e anti-B, que aglutinam as hemácias portadoras de aglutinogênios A e B ou de ambos.
Assim, o aspecto realmente importante da transfusão é o tipo de aglutinogênio da hemácia do doador e o tipo de aglutinina do plasma do receptor. Indivíduos do tipo O podem doar sangue para qualquer pessoa, porque não possuem aglutinogênios A e B em suas hemácias. Indivíduos, AB, por outro lado, podem receber qualquer tipo de sangue, porque não possuem aglutininas no plasma. Por isso, indivíduos do grupo O são chamados de doadores universais, enquanto os do tipo AB são receptores universais.

Herança dos Grupos Sanguíneos no Sistema ABO
A produção de aglutinogênios A e B são determinadas, respectivamente, pelos genes A e B. Um terceiro gene, chamado i, condiciona a não produção de aglutinogênios. Trata-se, portanto de um caso de alelos múltiplos. Entre os genes A e B há co-dominância (A = B), mas cada um deles domina o gene i (A > i e Bi).

Fenótipos
Genótipos
AB
IAIB
A
IAIA ou IAi
B
IBIB ou IBi
O
ii

A partir desses conhecimentos fica claro que se uma pessoa do tipo sanguíneo A recebe sangue tipo B as hemácias contidas no sangue doado seriam aglutinadas pelas aglutininas anti-B do receptor e vice-versa.

REINO ANIMAL - SEMINÁRIO