terça-feira, 29 de novembro de 2016

Introdução á Citologia

Na Holanda do século XVI, Hans Janssen e seu filho Zacharias, fabricantes de óculos, descobriram duas lentes, alinhadas e montadas em um tubo, proporcionavam grande aumento nas imagens, permitindo visualizar objetos muito pequenos, antes invisíveis a olho nu. Estavam lançadas as bases para a criação do microscópio, cujo desenvolvimento levaria a um dos mais importantes avanços a biologia: descoberta da célula.
Na segunda metade do século XVII, o holandês  Antony van Leeuwenhoek, e o inglês Robert Hooke, construíram seus próprios microscópios e fizeram importantes descobertas relacionadas a constituição dos seres vivos. Na mesma época, Nehemiah Grew, na Inglaterra, e Marcelo Malpighi, na Itália, confirmaram e ampliaram essas observações.
No século XX, com o surgimento dos microscópios eletrônicos, descobriu-se que o interior da célula é ocupado por muitas e variadas estruturas altamente especializadas, responsáveis pelas funções capazes de manter a célula viva. As semelhanças observadas na estrutura básica das células dos diferentes organismos sugeriam um padrão comum em sua organização, o que reforçou as ideias de que os primeiros seres vivos eram de fato um unicelulares e que os demais organismos evoluíram a partir deles.

Os primórdios da citologia

O microscópio do holandês Anton van Leeuwenhoek, era constituído de uma placa de metal com um orifício onde se encaixava uma lente de vidro. Microscópios como esses são ditos microscópios simples. Com eles, Leeuwenhoek pôde ver hemácias e espermatozoides e, observando gotas de águam, descobriu, por exemplo, algas, protozoários e bactérias.
Ainda no século XVII, na Inglaterra, o pesquisador Robert Hooke construiu um microscópio conforme as descobertas e instruções dos Janssen, isto é, um microscópio composto, formado por um tubo e duas lentes. Com ele Hooke fez sua mais importante contribuição para a biologia. Investigando as propriedades da cortiça, um tecido morto presente na casca de certas árvores, e examinando sua estrutura ao microscópio, Hooke julgou que o aspecto poroso do material se assemelhava a um favo de mel. Os compartimentos sextavados de um favo de mel  eram chamados cellulae. Hooke comparou cada um dos compartimentos a pequenas “celas” e chamou-os de células.
As descobertas feitas por esses dois microscopistas estimularam outras pessoas a construir microscópios e fazer observações.

A teoria celular

Matthias Schleiden, com base em observações de cortes de plantas ao microscópio, ele formulou um conceito novo a respeito desses organismos, segundo o qual as plantas eram constituídas por unidades muito pequenas -as células- e seu crescimento seria o resultado da formação de novas células.
 A contribuição de Theodor Schwann,mais importante para a biologia, veio de seu encontro com Schleiden, entre 1837 e 1838, com quem discutiu as semelhanças entre o núcleo das células animais e vegetais. Schwann estava convencido de que os animais, assim como as plantas estudadas por Schleiden, eram todos formados por células.
Anos mais tardes, Rudolf Virchow, de nacionalidade alemã, concluiu que as doenças, assim como a própria vida, ocorriam no nível da célula. Virchow concluiu também que todas as células se originavam de outras células preexistentes e resumiu sua conclusão em uma frase em latin que se tornou famosa no meio científico: Omnis cellula e cellula, que signififca “toda célula vem de outra célula”. Seus estudos contribuíram para consolidar o que ficou conhecido como teoria celular.
Mais tarde, em 1935, quando o estadunidense Wendell Stanley conseguiu isolar os vírus e observa-los ao microscópio, descobriu-se uma exceção em relação a esse tipo de organização: os vírus são considerados acelulares.

Observações ao microscópio
Embora as células já fossem desde o século XVII, foi durante o século XIX que alguns dos maiores avanços no conhecimento sobre a organização celular foram alcançados. Isso se deveu principalmente ao desenvolvimento de técnicas de observação que permitiram a visualização de detalhes ate então desconhecidos.
Para serem observadas ao microscópio de luz, as células podem estar vivas ou não. Quando estão vivas, a observação é chamada de exame a fresco e permite observar a locomoção de organismos unicelulares. Mas, co mo as estruturas celulares em geral não apresentam cor, o exame a fresco não revela muitos detalhes. As melhores e mais detalhadas observações são feitas com material corado. O uso de corantes, porem, frequentemente mata as células. Portanto, é preciso que o material seja previamente preparado a fim de preservar melhor suas características. A preparação ocorre em duas etapas.
Fixação: consiste em matar a célula usando um liquido fixador, como o álcool etílico, o formol, o acido acético e outros, de maneira a preservar ao Maximo suas propriedades.
Coloração: trata-se de aplicar um ou mais corantes a fim de tornar mais evidentes determinadas partes da célula. Para ser observada, entretanto, a célula deve ser atravessada pela luz. Por tanto, a coloração deve preservar ao Maximo a transparência do material. Existem diversos tipos de corantes, cada um apropriado para evidenciar determinadas estruturas celulares.
Para garantir a transparência do material a ser observado, ele deve ser cortado em fatias muito finas, que são colocadas sobre uma lamina de vidro e cobertas com uma lamínula. Amostras líquidas são espalhadas na lamina, enquanto os outros materiais são esmagados.

Novas descobertas
 O fato de os diferentes corantes terem afinidade por diferentes partes da célula levou a duas descobertas. Toda célula tem um limite bem definido, responsável pela contenção de tudo que esta em seu interior (alguns corantes, após a lavagem da amostra, permaneciam “presos” dentro da célula, enquanto o restante do campo visual ficava limpo e transparente). Embora não conseguissem ver a estrutura que delimitava a célula, os cientistas se basearam nessa observação para prever a existência da membrana celular, também chamada de membrana plasmática.

As células apresentam inúmeras estruturas alem do núcleo, espalhadas por todo o seu interior. Os citologistas rapidamente perceberam que o interior das células era constituído pior um tipo de liquido de aspecto viscoso, que foi chamado de citoplasma, que preenchia todo o interior da célula. O aspecto do citoplasma podia variar de um tipo celular para outro, mas parecia haver uma estrutura em seu interior, quase sempre esférica ou ovulada, que ficava bastante evidente alguns processos de coloração. Em 1833, o pesquisador escocês Robert Brown propôs a ideia de que essa estrutura seria parte fundamental de todas as células, dando-lhe o nome de núcleo. A partir dessa época, os biólogos passaram a aceitar que todas as células eram constituídas por três partes fundamentais: a membrana, o citoplasma e o núcleo.

 Microscópio de luz


O microscópio óptico composto, ou microscópio de luz, é constituído basicamente por duas lentes ou dois conjuntos de lentes: a ocular, que fica próximo do olho do observador, e a objetiva, próxima do objeto a ser observado.
Nesse tipo de microscópio, a luz (vinda do ambiente ou de uma lâmpada) precisa atravessar o material a ser observado, razão pela qual o objeto não pode ser muito espesso e deve apresentar alguma transparência. Para intensificar a luz que atravessa o objeto, existe um condensador, uma lente que concentra os feixes de luz antes de chegarem ao objeto. É possível regular a passagem da luz por meio do diafragma.
A objetiva produz uma imagem bastante aumentada do objeto. As objetivas comumente encontradas em microscópios de luz tem aumentos de 10,40,100 vezes. A imagem produzida pela objetiva é então captada e ampliada pela ocular antes de chegar ao observador. As oculares mais comuns aumentam a imagem entre 5 e 20 vezes.
Algumas objetivas são preparadas para imersão em óleo ou água. A imersão consiste em colocar uma gota de água ou de óleo sobre a lamínula de vidro que recobre a amostra e encostar a objetiva no liquido, obtendo assim aumentos ainda maiores. As objetivas para a imersão são construídas especialmente para esse fim.

Resolução
Uma das características mais importantes de um microscópio é o seu poder de resolução. Dele depende a capacidade de um microscópio de mostrar detalhes com nitidez. A resolução pode ser entendida como a capacidade de distinguir dois pontos muito próximos no campo visual, permitindo vê-los com imagens distintas. O limite de resolução para um olho humano é de 0,1 mm, ou seja, dois pontos que estejam a uma distancia menor que essa são vistos como um único ponto. Os microscópios de luz têm um limite de resolução próximo de 0,0002 mm, o que permite ver as estruturas celulares de maior tamanho, como o núcleo.

Aumento
O aumento final alcançado por um microscópio composto, também chamado de aumento nominal, é resultado da multiplicação dos aumentos proporcionados pela objetiva e pela ocular. Por exemplo, se um objeto é observado com uma objetiva que aumenta 40 vezes, e a ocular amplia 20 vezes essa imagem, o aumento nominal será de 800 vezes (20x40= 800). Em geral, os maiores aumentos obtidos com microscópio de luz raramente ultrapassam 1500 vezes.
Microscópio de Luz
Célula Bucal vista por um Microscópio de Luz



Microscópio eletrônico


O surgimento do microscópio eletrônico representou, para a biologia, uma revolução em relação a compreensão da estrutura e do funcionamento da célula. Enquanto os microscópios de luz permitem aumentos máximos de1500 vezes, o microscópio eletrônico supera facilmente a barreira de 100 mil vezes. Aumentos dessa ordem permitem ver detalhadamente a chamada ultraestrutura interna da célula.
O microscópio eletrônico, desenvolvido no inicio dos anos 1930 pelos cientistas alemães Max Knoll e Ernst Ruska, utiliza feixe de elétrons em vez de luz. Imãs direcionam os eletros ate uma tela fluorescente ou um filme fotográfico para criar uma imagem, sempre em preto e branco. Para destacar algumas estruturas, as imagens podem ser coloridas artificialmente.
Os microscópios desse tipo mais utilizados são o microscópio eletrônico de transmissão e o microscópio eletrônico de varredura.


Microscópio eletrônico de transmissão (MET)
Nesse tipo de microscópio, o feixe de elétrons atravessa a amostra. O material a ser observado deve estar preparado na forma de fatias muito finas, entre 50 nm e 70 nm de espessura (1 nm, um nanômetro, corresponde a um milionésimo de milímetro).
Como a composição química das diferentes estruturas da célula varia muito, algumas regiões deixam passar os elétrons com facilidade, enquanto outras áreas bloqueiam a maior parte do feixe. Os elétrons que atravessam a estrutura observada atingem uma placa, na base do tubo, revestida com um material fluorescente, isto é, um material capaz de emitir luz quando atingido pelos elétrons. Produz-se, assim, uma imagem da amostra. Uma superfície fotossensível (filme, papel fotográfico ou sensor digital) pode ser colocada na base para a produção de uma imagem fotográfica (micrografia).
Microscópio Eletrônico de Transmissão




Microscópio eletrônico de varredura (MEV)
Na década de 1950, foi desenvolvido o primeiro microscópio eletrônico de varredura, que permite observar superfície dos objetos com grande nitidez. As imagens, tridimensionais, são ricas em detalhes do relevo superficial.
Seu funcionamento se da por meio de sensores que captam os eletros refletidos pela superfície da amostra, que, para isso, deve ser capaz de conduzir eletricidade. Por essa razão, as amostras devem ser preparadas em câmera de vácuo, onde é pulverizada uma fina camada de metal (ouro ou tungstênio, por exemplo).

O objeto não é visto diretamente; a corrente elétrica que atinge os sensores é conduzida a um dispositivo de imagem, como um monitor de TV, ou a um sistema digital de processamento computadorizado.
Microscópio Eletrônico de Varredura

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